Victor Costa negoceia cedência da obra à Região

O Maestro está a ser homenageado pela Câmara do Funchal com Exposição

O Maestro Victor e Costa está a negociar com a Região a cedência do seu espólio musical. Ainda sem acordo, acredita que o processo está no bom caminho. O compositor madeirense de 77 anos não esconde o desejo de conseguir condições para deixar o vasto acervo na sua terra. “Porque é aí que ele está bem”, “Prefiro e preferiria que ficassem aqui e havemos de chegar a acordo para que isso aconteça na realidade”, disse. Hoje o maestro deverá ter novo encontro com a directora regional da Cultura, com que o assunto está a ser tratado para entrega ainda em vida.

Vítor Costa espera que este diálogo seja também uma oportunidade para corrigir incorrecções, como o não pagamento dos seus direitos de autor pelo Hino da Madeira. “Não estou a dizer isto a título de queixa. Vamos ver se a gente trata disso agora, nem que seja a partir de agora”.

Sem falar em valores envolvidos, Victor Costa disse não correr o risco de se tornar rico, mas no de ter necessidades. Quer saber quanto é que lhe dão por mês, para viver mais desafogado.

Ontem, à margem da inauguração da exposição Victor Costa – Um legado musical’ no Teatro aceitou o ABM – Arquivo Regional e Biblioteca Pública da Madeira como destino válido para as suas obras e documentos, “mas numa secção que tivesse condições não para empurrá-los para dentro de gavetas, mas para estarem disponíveis”.

Os 77 anos de Victor Costa não penalizam a produção musical. Mantém-se activo e compondo. Nos últimos três meses foram 75 peças, sobretudo para canto e piano, em português. Eu penso que é na própria língua que um país pode fazer cultura pelo seu povo”.

Dentro da composição, gosta particularmente da peça que dedicou a Mary Jane Wilson, uma mulher que admira por ter feito muito pela Madeira e pelos madeirenses. Quer continuar com capacidade para escrever música. Está a fazer um concerto sinfónico para violino e a continuar um Te Deum que iniciou para a viragem do século. “Nessa altura cortaram-me as pernas e eu tive que andar sem pernas e, claro, não continuei”.

Espera estrear quando o concluir e quer contar com a adesão dos coros. Já foi director de alguns deles, nove ao todo tiveram a sua mão. Lamenta alguma “má vontade”, “claro, o Beethoven, o Mozart, esse é que são grandes. Eu também sei. Os daqui são pequeninos, mas a cultura começa por casa”.

No dia 23 a homenagem continua esta homenagem com um concerto e com o descerrar de uma placa no Teatro Baltazar Dias. A exposição pode ser vista até ao dia 27 deste mês.

Amor e carinho em vida

Mais de uma centena de partituras e outros documentos estão patentes ao público numa exposição alusiva a Victor Costa. Paulo Cafôfo acredita que faz sentido a homenagem é em vida. “Nada melhor do que ele sentir este carinho, este amor por aquilo que ele é enquanto pessoa, enquanto músico e compositor”. Na opinião do presidente da Câmara do Funchal, Victor Costa tem sido esquecido e a iniciativa vai precisamente no sentido de “inverter essa situação”, e fazer justiça a um nome maior da cultura madeirense. Cafôfo não colocou de parte o interesse em, num projecto à imagem de Victor Costa, manter disponível parte da obra do maestro.

Diário de Notícias da Madeira – 11 de Novembro de 2016