MONÓLOGO COM SÉRGIO PRAIA E TEXTO DE VICENTE ALVES DO Ó  NO TEATRO

A Madeira vai conhecer um outro lado de António Variações, um homem de carne e osso, eternamente insatisfeito e solidário. A peça co-produzida pela Buzico! produções artísticas, do madeirense Duarte Nuno Vasconcellos, vai estar em cena no Teatro Baltazar Dias em Fevereiro de 2017.

António Variações é interpretado pelo actor Sérgio Praia, que esteve para entrar num filme e sobre a vida do cantor e que esteve em cena no Salão Luiz em Lisboa, sempre com casa cheia. “Estreou dia 24 de Junho, terminou domingo dia 10 de Julho, fez uma temporada sempre esgotada , até nos dias dos jogos de Portugal”, regozijou-se o insular.

“neste momento está confirmada a primeira digressão, dia 8 de Outubro, a Ovar, terra natal de Sérgio Praia  e estamos em negociações com o Sines, Évora, Porto”, afirmou. “Com o Funchal a ida está a ser ultimada no inicio de 2017, com a possibilidade de apresentarmos o espectáculo 4 dias no Teatro Municipal Baltazar Dias” explicou. O produtor revelou que “a Buzico! Produções Artísticas, está, também à procura de parceiros e patrocinadores madeirenses que ajudam a viabilizar esta digressão de um dos maiores ícones da música pop portuguesa. António Variações à Região.

A peça começa com Amália Rodrigues e com a versão que Variações fez de “Povo que Lavas no Rio”. “Quisemos pegar num momento especifico da vida dele, e que foi real. A Amália não gostou nada da versão dele do “Povo Que Lavas no Rio”, e ele ficou muito triste. A Amália era uma grande referência”, revelou Sérgio Praia ao Observador. A peça centra-se no dia 26 de maio de 1983, quando o músico assegurou a primeira parte de um espectáculo de Amália Rodrigues, seu grande ídolo, na Aula Magna. O monólogo é ficcional e decorre depois do ensaio para o espectáculo, imaginando que Variações pediu para ficar sozinho em palco.

O actor começou a descobrir António Variações há vários anos, quando o realizador João Maia o convidou para protagonizar um filme sobre a vida do cantor. Mas a produção nunca chegou a andar para a frente e Sérgio ficou sempre com António na cabeça. “Quando comecei a descobrir a insatisfação dele durante o percurso que fez, comecei a envolver-me mais”, conta ainda.  Um envolvimento que levou uma vontade cada vez maior de explorar  este Antónão, a sua “insatisfação e a sua inconcretização”. “Comecei a encontrar uma ligação entre o percurso do António e aquilo que eu também procuro na vida, que é esta coisa de nunca estar estanque , esta constante procura. Essa procura torna-se muitas vezes num vicio que nos leva a coisas más, mas também a coisas boas. Tudo tem um preço na vida”.

Como queria continuar a trabalhar o tema, decidiu convidar Vicente Alves do Ó para escrever o texto. “Pensei em várias pessoas”, confessa, mas o realizador tornou-se a escolha óbvia ao se perceber da proximidade que este cria entre o público e o actor. “Tinha a ver com a proximidade do António com as pessoas, e interessava-me muito trabalhar esse lado”.

É por querer tanto mostrar a singularidade de António Variações , e ao mesmo tempo a sua solidão, que o actor decidiu fazer uma peça de um homem só. Mas isso não significa que não há canções. “Canto, mas a ideia é mostrar músicas que as pessoas não conhecem”, explicou.

Diário de Notícias, 18 de Julho de 2016