Uma mão cheia de concertos

Robert Andres, director artístico do festival, considera que é um privilégio poder assistir, num único lugar, a concertos protagonizados por este naipe de artistas.

Começa hoje, no Teatro Baltazar Dias, uma pujantíssima segunda edição do Madeira Piano Fest, que, sob a direcção artística de Robert Andres, traz ao arquipélago consagrados pianistas internacionais e uma nova geração de talentos com provas dadas nos grandes palcos do mundo. Arranca, assim, em grande a temporada artística da Associação dos Amigos do Conservatório de Música da Madeira (AACMM), oferecendo ao público uma mão cheia de concertos, com recitais a solo, de dois pianos e a quatro mãos. O francês Pascal Rogé, um grande emabaixador da música francesa, que regressa à Região, e a mulher, a pianista japonesa Ami Hakuno Rogé, abrem o festival, às 18 horas (horário estipulado para os cinco concertos do programa).Rogé interpretará peças a solo e outras a quatro mãos, fazendo parte do repertório obras de Poulenc, Satie, Debussy e Ravel.

Às vésperas de fazer subir o pano na sala vermelha, Robert Andres disse, em entrevista ao JM, que trazer grandes estrelas à Madeira até nem é dificil, dada a «curiosidade» que o artistas manifestam em conhecer a ilha.

O piano, tido por muitos como o mais completo e complexo instrumento musical, é capaz de provocar no público algo de extraordinário, pois «ouvir e ver, ao vivo, um pianista penetrar os recantos mais intrincados da partitura e dar-lhes vida no palco é uma sensação incomparável», não sendo, por isso, de estranhar a apetência do público pelos recitais de piano. «O maior problema é conseguir chegar às gerações mais novas, fazê-las reconhecer o valor desta expressão no meio de todas as tentações sociais e culturais mais efémeras», diz Andres, apontando a solução – «uma boa educação musical.

Nada se compara a isso», afirma, confiante que o Madeira Piano Fest será um sucesso. «Ter  todos estes artistas a atuar num único lugar, no espaço de uma semana, é um privilégio, e o público madeirense vai, de certeza, acolher esta proposta com o entusiasmo que ela merece».

Depois do prelúdio em francês, amanhã o piano toca noutra língua, no recital a dois pianos protagonizado pelas premiadas irmãs russas Galina e Irina Chistiakova. O festival prossegue no dia 9, com um recital a quatro mãos, pelos catalães e “artistas steinway” Carles Lama e Sofia Cabruja, que trazem a ópera “Goyescas”, do espanhol Enrique Granados. Três dias depois, a 12 de novembro, há mais um recital a quatro mãos, apresentando as irmãs gregas Kiveli e Danae Doerken, cujo repertório inclui a obra orquestral “A sagração da Primavera”, de Igor Stravinsky. O Madeira PianoFest despede-se a 13 de novembro, com “!Viva España!”, recital de dois pianos, por Artur Pizarro, «um velho amigo da Região», assim o define Andres, que actua com o pianista italiano Rinaldo Zhok, interpretando um programa que contempla obras dos mestre da tradição espanhola, de Bizet e Albéniz a Infante e de Falla.

Jornal da Madeira – 5 de Novembro de 2016