“O ano de 2017 irá promover a estabilidade do setor cultural”

Sandra Maria Assunção, responsável pelo Teatro Municipal Baltazar Dias

T.M. – Quais os aspectos positivos e negativos do setor cultural em 2016?

Sandra Maria Assunção (S.M.A) – O ano de 2016 permitiu ao Funchal consolidar a sua oferta cultural e catapulta-la para outro nível em termos de qualidade e visibilidade. Nos vários eventos culturais, assistimos a uma grande variedade e afluência do público e à valorização dos jovens talentos que existem na nossa cidade.

Como aspetos positivos do ano de 2016, destaco a Feira do Livro do Funchal. Houve um crescimento a todos os níveis em autores, editoras, horário e o oferta cultural, desde música, cinema e teatro.

Também foi com muito felicidade que recebemos o anúncio que o Teatro Baltazar Dias foi seleccionado, em concurso público, para integrar a nova rede nacional, chamada Eunice, numa iniciativa do Teatro Nacional D.Maria II.Esta rede irá permitir trazer aos funchalenses o que de melhor se faz no Teatro a nível nacional. Este ano a história do Teatro também ficou marcada positivamente pelo lançamento da agenda trimestral.

Ainda sob a alçada do Teatro, foi culturalmente importante para a cidade, a abertura de uma nova e alternativa sala de espectáculos denominada Balcão de Cristal. Esta sala, do Teatro Feiticeiro do Norte em parceria com a Câmara do Funchal, pretende marcar a diferença na vida cultural da cidade e ao mesmo tempo dar outras condições a esta companhia de extrema qualidade que é o Élvio Camacho e a Paula Erra.

Por fim, gostaria de destacar o I Encontro de Cultura e Turismo Acessível, realizado no Funchal, que teve como objectivo ajudar os colaboradores dos museus e instituições culturais a reflectir sobre a necessidade de que a cultura seja para todos e não seja um privilégio de alguns.

Como aspectos negativos, destaco o encerramento do Teatro Cornucópia após 43 de actividade como uma das maiores referências das artes de palco em Portugal e a impossibilidade de produtores e artistas regionais realizar as suas candidaturas ao Programa de Apoio da Direcção Geral das Artes. Considerando que este programa tem como objectivo a descentralização e a dinamização da oferta cultural e a criação de oportunidades profissionais, ainda não me é possível compreender como não estão criados os mecanismos para que as Ilhas sejam incluídas.

T.M. – Quais as perspectivas para 2017?

S.M.A. – As medidas já anunciadas a nível nacional deixam-nos na expetativa que o ano de 2017 irá promover a estabilidade do setor cultural e da sua actividade. Há uma vontade clara em valorizar o património, com recurso a fundos comunitários, rever o modelo de apoio às Artes e regulamentar a Lei do Cinema e do Audiovisual.

Estaremos atentos a estas temáticas e continuaremos empenhados na democratização do acesso à cultura, apoiando a criação de novos epicentros no Funchal, porque acreditamos que a cultura está para além dos limites físicos e económicos, deve ir ao encontro das pessoas.

O ano de 2017 será também especial para o Teatro Baltazar Dias com a realização de sete produções nacionais em regime de coprodução com a Câmara Municipal do Funchal.

Além disso, reconhecendo o trabalho de formação de públicos, o Teatro lançará em breve uma agenda Baltazar Júnior com destaque a todos os eventos municipais e culturais da cidade do  Funchal dedicados ao público infanto-juvenil.

Existirá muitas actividades e estratégias culturais que irão se concretizar durante 2017, mas estamos conscientes que há muito trabalho ainda por fazer: mais apoio à criação, mais espaços de apresentação, mais investimento e mais sinergias.

Tribuna da Madeira – 23 de Dezembro de 2016