Homenagem a um poeta intransitivo

José António Gonçalves foi alvo de um tributo organizado pelos filhos, em colaboração com a Câmara Municipal do Funchal

José António Gonçalves foi homenageado, esta quinta-feira, numa cerimónia realizada no teatro Municipal Baltazar Dias, que recordou a vida e a extensa obra do poeta e jornalista madeirense. A homenagem, organizada pelos três filhos, em colaboração com a Câmara municipal do Funchal, contou com a presença de várias figuras ligadas ao  universo artístico e literário. Em declarações ao JM, uma das filhas, Natacha Gonçalves, não disfarçou o orgulho e a emoção sentidos neste dia de tributo ao pai, de quem herdou a veia poética e a paixão pela literatura.

Afirmando que sempre que escreve se sente “pequenina” perante o “gigante” da poesia que foi José António Gonçalves,  Natacha Gonçalves recorda o excelente contador de histórias e o homem de profunda dimensão humana. Natural de São Martinho, onde nasceu a 13 de junho de 1954, José António Gonçalves teve a sua aparição no mundo literário por intermédio da escritora Maria Alberta Meneres, com »O poeta faz-se aos 10 anos« (19739). Foi defensor da causa  e direitos editoriais, pertencendo aos órgãos diretivos da Associação Portuguesa de Autores, e foi cofundador da Associação de Escritores da Madeira, à qual presidiu.

Com uma intervenção que extravasou os meios culturais e literários, era figura assídua na sociedade civil madeirense, onde como jornalista, deu os primeiros passos no Jornal da Madeira, tornando-se, mais tarde, cofundador e dirigente da secção regional do Sindicato dos Jornalistas da Madeira. Enquanto agente cultural, organizou uma panóplia de eventos, nomeadamente espetáculos musicais, conferências, exposições, recitais, feiras do livro, entre muitos outros.

O legado deixado por António José Gonçalves sobrepõe-se ao seu desaparecimento, demonstrando que um poeta será sempre intransitivo.

Jornal da Madeira – 20-11-2015